quarta-feira, 20 de março de 2013

Em setembro de 2012



O Frio Mercado


Postam bolhófagos sabios conselhos,
tomados sim, pelos incautos, iludidos e tolos
quando já nos doloridos vis vermelhos
como tolices com vieses de maculantes dolos.

Eis a realidade cruel, mas nua e fria,
arauta da inexorável tendência,
patíbulo da inflexível economia,
que se arrouba em leis de ciência.

Julga o ambicioso tolo de ouro digna sua choupana,
que traveste em mitos de marfim em sonho,
conta em gritos que seja castelo dourado.

Por fim acaba de joelhos pela cobiça que engana,
castigado pela frieza dos fatos, cenário medonho,
flagelado sem dó pelo implacável mercado.


11/9/2012


O nabo que cresce


Mira implacável nabo,
tubérculo flagelador,
que da farra dará cabo,
hoje festa, amanhã dor.

Expande-se no vindouro,
agora no desperdício,
carrasco de vil ofício,
da riqueza sumidouro.

Da cigarra será senhor,
da formiga prudente,
entres sedas e farrapos

Ao poupador louvor,
do insensato indigente,
do soberbo em trapos.


13/09/12


Sísifo das gastas sandálias


Morde e assopra, Aperta e afrouxa,
crava e acaricia, o pobre contribuinte,
resiliente, tolerante e numeroso trouxa,
que de espoliado será um dia pedinte.

Mal baixa o que lhe é roubado,
surge outro vilão a apertar o garrote.
Se feliz a um segundo é levado,
no próximo sugado é de camarote.

Triste profissão da vã e ilusória esperança,
em virtudes terríveis males travestidos,
da qual é hábil, dócil e laboroso escravo.

Do caixão já produz pregos, unica herança,
Sísifo das gastas sandálias sangrado cravo
monte abaixo quebrando-lhe ossos sofridos.


14/09/2012




Às Sardinhas - Lições de Além Mar

Redentores tubérculos da crucífera,
da cloaca das sardínhas flagelo,
chove sobre as terras brasileiras,
libertando do delírio da falta de zelo.

Da colmeia leal, laborosa e melifera,
não seguiu-se exemplo dos nobres insetos,
Africano príncipe ameaça vossas beiras,
com vasto cajado seus íntimos completos.

Lê este poeta de complexos versos,
de rimas difíceis mesmo em termos chulos,
aprendei lições da econômica sanidade.

Lembrai sardinhas, da penada Espanha,
onde a ambição virou taperas em toda cidade,
e como foram castigados o que lá são culos.


17/9/2012


Pelado está outro santo


Audaz e vibrante governucho petralha,
onde a verdade crua à tona não falha,
mui capaz em galopante atuação profunda,
que mal cobre uma conta, já nuda a bunda!

Do ministro homônimo de gordo derivado laticínio,
advém permanente dos números em maquilagem.
O que pela fome e miséria seria lido como latrocínio,
por rocambolescas vias vira da fortuna alavancagem.

Aperta-se impostos e instiga-se a todos para dever.
Salvam-se empregos de já farta e sólida categoria,
cobertos pela de sindicalha peleguenta protetor manto.

Em meio a urros de vivas de poucos em vil gritaria,
choramingo de milhares combalidos em muito perder,
pois se vestido está o abonado, pelado está outro santo.


Ouviram


Impávido colosso do dinheiro que na mão esfuma,
nação de sonho intenso do qual jamais desperta,
onde com tolo amor à esperança vã se acostuma
onde gigante em terra, povo em favelas se aperta.

Formoso céu sem rumo e norte que a urbana fuligem embaça,
tão nebuloso como o futuro do qual mais se distancia.
Fulguras como que não seja vergonha? Em erva, pó e cachaça.
Onde marcha-se pela maconha, não contra bala fugidia.

Terra tolamente amada na bola com clava forte,
mas que filhos fogem de luta pela simples justiça,
apertados junto ao esgoto pela rua e no transpote.
Apenas rumo à cova de um descanso na morte.

21/09/12



Colosso sulamericano



Óh, ergue-te colosso sulamericano,
pátria varonil onde tudo é barato,
que no carnê mira ao fim no cano,
que visa no calote achar outro pato.

Tuas ruas tem mais velozes bólidos,
de preços inigualáveis e astronômicos,
Teus investimentos são mais sólidos.

Comparar potências contigo?
Vãos exercícios cômicos!

Em teu solo tudo brota e viceja,
de teu subsolo tudo se tira,
arcanjos felizes tocam a lira,
enquanto vende barato e de bandeja.

Onde a briosa classe política labuta forte,
Nação poderosa, de firme e reto norte.
Enriquece ainda que aos trancos,
dos rotos, falidos e mancos.

Esta nobreza permeada de escândalos,
da qual invejar-te-iam romanos e atê vândalos.
Pois se trabalhas dia a dia em suor infindo,
novo larápio à noite com teu fruto estará fugindo.

27/09/12

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os Lulíadas - Canto I

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Desce as palacianas rampas,
incensado ex-sindicalista,
feliz pois não há pista,
de seu mar de vis trampas.

Ao seu lado, reluz retocada,
a que entrou muda e saiu calada,
a primeira dama de "Noço Guia",
aquele que não sabia de nada.

Sorridente, mas de falsa empáfia fria,
emulação de socialite embonecada,
cópia menor de partidária expoente, assim posa,
com o ar que nos diz, irônica: relaxa e goza.

Pesado fardo carrega tal trabalhador,
e o descrevamos com labor,
pois é nosso crítico papel,
listar-lhe desde o caso Celso Daniel,

Entre mortos e feridos,
importantes e pobres combalidos,
da maca na enfermaria abandonada,
da rua erma sem esgoto e água encanada.

Corpos a sorrelfa que se vê,
da viúva do desabrigado,
do bebê infectado,
até o saudoso Toninho do PT.

Pois se canos enterrados não dão votos,
nem do militante, nem de fiéis devotos,
dão certo luxuosos veículos contra famílias em luto.

Passam vastas somas por algum propinoduto,
comissões de contratos e esqueminhas,
não à mão de Severinos mas a Silveirinhas.

Das favelas invadidas, do tráfico libertadas,
pois áureas correntes e piscinas sustenta,
entre barracos de zinco enfileiradas,
onde o luxo ridiculamente ostenta.

Pois do pó dos ricos é fornecedor,
o mal capital logo representa, sendo combatido,
em manobras sufocado com ardor.

Mas se além da poeira de nossa nacional pobreza,
o crime em estrangeiras selvas é tolerado com torpeza,
que nas mãos da dita libertária FARC é aplaudido.

Em lágrimas seu governo iniciou,
com objetivos claros e primeiros,
pelos palanques e mídia apresentou,
com soluções fáceis e fins matreiros.

Acabar com a fome, maior das calamidades,
apresentado demagógico ao esmero,
lotou-se o nulo programa de irregularidades
a da pobreza panaceia Fome Zero.

Companheiros ineleitos abrigou,
em torres de marfim os colocou,
aos mármores e públicos salários,
deu volume, verbas e polimento,
pagos por nós, tolos e otários.
Não bastasse o destaque à bursite,
não bastasse da retórica tormento,
cada um deles entricheirados em seus papéis,
nomeados bobos e arautos,
secretários, acessores e ministros,
até externos defensores sinistros,
até a não brilhantes Adautos,
e pela sombras bem belos e trajados Pimenteis,
em passe por rota torre como o DNIT.

Mas não confundamos cada alho,
com a lusa, nobre e bela Bugalho.
Não a invadamos como orda de vândalos,
nem pisemos no picante vegetal.
Deixemos por poucos versos um tal,
dentre inúmeros vis e vastos escândalos,
sobre os quais descemos o malho,
aquele do Ministério do Trabalho.

Houve até o nobre ministro,
de esportivas atividades,
que dentre doutras trivialidades,
em evento de orçamento sinistro,
belas e caríssimas obras,
em custos sem sobras.
do COB recebeu diárias,
jesto suspeito e atroz,
ao povo que paga sem voz
todas as verbas milionárias,
em dinheiro que se esvai pelos canos,
como nos Jogos Panamericanos.

Do mesmo ministério,
tal garbosa autoridade,
em profundo mistério,
sem a menor cerimônia,
sem ser por caridade,
sem ser com parcimônia,
usou da ministerial estrutura,
em fato quase hilário
quase a beirar a loucura,
pagar as custas de seu aniversário!